LENÇÓIS, BELEZA E CULTURA.
Quem vai a Lençóis, na Chapada Diamantina, na Bahia, encontra, além das belezas naturais como cachoeiras, trilhas, pantanal, cavernas, praias de rios, um universo cultural próprio e universalista, através dos artistas locais e outros que adotaram o local.
Uma das primeiras referências é a Casa de Cultura Afrânio Peixoto que concentra acervo do ilustre intelectual. A Casa é dirigida pela artista plástica Paola Publio, poetisa das cores. Suas telas tem feitio de oração, o emprego das cores favorece a espiritualidade e suas conexões .
Não longe dali o visitante encontra a galeria Soar, onde o gravurista Artur Soares expõe suas obras e camisetas, além de alguns dias poder ouvir belas músicas da lavra do artista.
Em diversos hotéis, restaurantes e bares entre outros locais, estará observando as pinturas em ardósia ou paredes, realizada com tinturas naturais produzidas pelo artista Everaldo Barbosa. Este é também poeta, compositor e escritor, tendo lançado recentemente seu livro de crônicas da Chapada, “Garimpeiro de Palavra”.
Paola Publio, nascida no sertão brasileiro, mulher, livre. “Foi na dor que encontrei nas telas
uma nova forma de cura. Cada pincelada tornou-se uma prece, e cada obra, uma
expressão da minha alma. Minhas mandalas são portais para dimensões espirituais, onde
luz e poder se entrelaçam em um balé cósmico”.
“Pintar Cosme e Damião é, para mim, um renascimento da fé. Em um turbilhão de cores,
eles emergem como guias em meio ao sertão, lembrando-me da beleza que floresce onde
a chuva toca a terra árida”.
ARTISTA
Paola Publio é uma artista plástica, que mora em Lençóis-Chapada Diamantina, leva em si
ecos da cultura tradicional ainda viva no mais complexo imaginário da Bahia. Mas, também
é uma mulher do mundo. Suas raízes anglo-indianas, suas viagens pelo mundo, sua busca
existencial, sua imersão nos caminhos religiosos e espirituais da vida contemporânea
construíram seu trabalho como artista. Paola Publio é uma mestre das cores. Suas
pinturas causam uma reação especial e profunda em nossos olhos e alma, suas mandalas
estão cheias de luz e poder, uma forma racional e geométrica e ao mesmo tempo plenas
de mensagens inconscientes. Hoje em dia, ela está se voltando para um estilo mais
figurativo, retratando santos Brasileiros. Os santos de Paola explodem num jogo
caleidoscópico de azuis, amarelos, vermelhos, verdes... poderosos e serenos eles
transmitem a mensagem que a arte e a santidade continuam a criar um bom casamento
seguindo os passos do seu mestre, o grande artista Edison da Luz.
Crítico de arte: A linguagem das cores
O universo pictórico de Paola Publio é regido pela cor e pela espiritualidade. Não se trata
de encontrar ali somente um momento místico, mas de ter a oportunidade de ver nas
pinturas, com ancestralidades e religiosidades de matriz católica e africana, passos para
uma visualidade que pode indicar tramas de si mesmo a serem desvendadas.
As figuras frontais remetem tanto à arte bizantina como ao universo de ícones sagrados
feitos com mosaico. É como se fosse possível penetrar nos olhos das personagens para
chegar a algum tipo de religação com o divino. Dessa forma, cada obra realiza esse papel
de conectar o observador a si mesmo e ao universo como um todo.
As cores mais quentes e a utilização de pinceladas curtas que trazem recordações do
pontilhismo em certas áreas colaboram decisivamente para uma mescla entre um fazer
que aponta para o popular e uma elaboração que provém da observação da própria obra e
de trabalhos alheios.
O resultado traz a possibilidade de ver cada obra de arte como uma ponte para um devir
permanente que mostra como o cotidiano pode estar além do que é visto racionalmente,
abrindo portas de percepção que apontam para renovadas dimensões e interpretações de
mundos conhecidos e a desvendar.